domingo, 26 de maio de 2013

Formação em Desenvolvimento Infantil - Turma I - Dia 10

E, por fim, aqui vai o último dia dessas 2 semanas de muita aprendizagem que o curso do Cultivando Pequenos Leitores nos proporcionou!!

Sexta-feira (24/5) conversamos com a psicóloga Bianca Costa sobre a comunicação positiva. Como já dissemos anteriormente, as crianças aprendem pelo exemplo, se lhe é falado uma coisa e feito outra ela provavelmente irá fazer o que você faz. Saber que a criança observa o que fazemos chama muito a nossa responsabilidade, e nos ensina que quando falar e falar não adianta, podemos demonstrar. Como converso com os vizinhos, como trato as pessoas ao meu redor, tudo manda uma mensagem para a criança.
E, também, é preciso ouvir e tentar entender a criança. É comum querermos disfarçar a tristeza delas, querendo fazê-las esquecer, e com isso acabamos por não só desconsiderar e negar a forma como ela se sente como aumentamos sua chateação por ela não se sentir compreendida (exemplo: uma criança chora porque sua tartaruga morreu, a tendência é que o adulto responda: não chore, é só uma tartaruga, compro outra). Assim, não estamos ensinando a criança a lidar com tristeza, frustração, raiva, nem a estimulamos a achar as próprias soluções, forçando-a a uma solução que ela não está sentindo, pensando ou querendo. Se a criança está chateada com algo, mesmo que para você pareça bobo, ouça, para ela é importante. Quando tem a sua vivencia interna reconhecida a criança não faz birra, porque se sente compreendida.
Psicologia Positiva: Comunicação

Dicas: 

  • Um bom processo comunicativo requer atenção genuína. Exemplo: criança mostra um desenho e o adulto nem olha e elogia. A criança sabe que não foi sincero e percebe que não recebe atenção.
  • Se a criança consegue o que quer com a birra, vai continuar. Se um comportamento de birra mesmo não alimentado é muito persistente a criança está querendo dizer algo que não está sendo compreendido. 
  • A melhor forma de lidar com a birra é ignorando-a. 
  • Ouça os sentimentos da criança com toda atenção, nomeie o sentimento da criança (exemplo: você está chateada? - saber que alguém a entende a acalma), dê espaço para a criança falar evitando sair dando conselhos de cara.
  • É importante gerar ambiente onde se pode falar sobre o que se sente.
  • Evite dar chilique e longos sermões. Se a crianças fez algo errado, descreva o problema e apresente a forma certa claramente (exemplo: estou vendo mochila e sapato fora do lugar, leve ao quarto que é o lugar certo).
  • Fale sobre como se sente. Ao invés de denegrir a imagem da criança dizendo coisas como "você nunca obedece", levando-a a não obedecer de fato pois está formando auto-imagem, explique (exemplo: não gosto quando grita, isso me desrespeita).
  • Resolvam problemas juntos, onde sejam considerados sentimentos e necessidades da criança, sentimentos e necessidades do adulto, soluções propostas por ambos (valorize as soluções das crianças mesmo que fantasiosas), para juntos escolherem a melhor solução para ambos. Dê voz a criança.
  • Valorize esforços e conquistas das crianças. Busque oportunidades de demonstrar os lados positivos dela. Isso ajuda em uma construção positiva da auto-imagem.
  • Ao invés de castigar, deixe a criança experimentar as consequências do comportamento (exemplo: você vai brincar mais tarde para ajudar a arrumar a bagunça que fez, ao invés de tirar a TV, e a criança ficar achando que o adulto é chato e proíbe tudo, sem entender que seus atos tem consequências).
Palestra com Bianca Costa
Vídeo interessante: vejam só como a criança observa e aprende pelo exemplo!
Vídeo para reflexão: crianças veem, crianças fazem. Faça da sua influência sempre positiva.

Indicação de leitura:

  • Como falar para seu filho ouvir, como ouvir para seu filho falar - Adele Faber e Elaine Maszlish
  • Como falar para o aluno aprender - Lisa Nyberg e Rosalyn A. Templeton
  • Acredito em ti: técnicas para desenvolver a auto-estima dos alunos - Muller


Oficina de encerramento com Arlete Santos
Após a esclarecedora palestra da Bianca, tivemos uma oficina de encerramento com a terapeuta comunitária Arlete Santos. A Terapia Comunitária consiste em um espaço de acolhimento para ouvir e ser ouvido, e foi isso que fizemos! Trocamos experiências, fizemos dinâmicas em roda entoadas por cantigas na bela voz da Arlete. E o curso foi fechado com chave de ouro!

Formação em Desenvolvimento Infantil - Turma I - Dia 9

Olá queridos leitores!

Na quinta-feira (23/5), conversamos com Isadora Adjuto sobre autismo, com Mariana Verdolim sobre família e com a Ana Maria Araujo sobre nutrição infantil.

O Transtorno do Espectro Autista é o termo atual para autismo, composto pela tríade: déficits sociais, déficits na comunicação e déficit no comportamento. Para o autista entender a perspectiva do outro, inferir intuitivamente o que a pessoa está pensando e sentindo, é uma tarefa difícil. Ele não consegue captar dicas sociais como o tom de voz e a expressão facial, tendo uma compreensão literal das coisas. Assim, tendo dificuldades em situações em que precisa compreender o que é falado, tem o desenvolvimento escolar impactado (compreensão da leitura, entendimento social presente em textos e filmes, interpretar fala do professor, são tarefas que o autista tem dificuldade). Tem também dificuldade em ver o todo e planejar. Por exemplo, se estão acostumados a sentar em uma cadeira, só senta nela, se a sala um dia estiver em uma disposição diferente, não conseguem enxergar o todo para selecionar outro lugar, olham apenas para o local de costume e o fato de não estar lá é confuso. São desligados do que está acontecendo no mundo externo e ligados no próprio mundo mental, tem dificuldade de inciar situações, não usam os olhos para ler o outro, não mantem contato visual, é preciso ensina-los a conversar olhando, a se comportar em relação ao outro e a ler o outro. O autismo é um espectro pois dentro da deficiência há diferentes níveis e formas. Obviamente o autista é uma pessoa, então assim como uma criança típica, cada um terá suas particularidades. Cada um com déficit de cognição social terá fraquezas individuais e pontos fortes, é importante que ambos sejam identificados. Se desconfiar de algo encaminhe a criança para um neuropediatra, que estão mais acostumados com esse tipo de diagnóstico. Um profissional não especializado pode não identificar o padrão.

Palestra com a psicóloga especialista em autismo Isadora Adjuto

Seja para crianças típicas ou atípicas, a estrutura familiar é determinante em seu desenvolvimento. A família é uma importante rede de apoio para a criança. O clima familiar (coesão, apoio, hierarquia, conflito, comunicação) é muito importante para a qualidade de vida do sistema (familiar) como um todo. Assim, uma família onde a hierarquia é invertida por exemplo, ou seja, os filhos detém autoridade, é fator de risco para problemas de comportamento na adolescência. O ideal é que a autoridade esteja centrada nos pais, o que é diferente de autoritarismo, também prejudicial ao desenvolvimento da criança. A qualidade da relação do casal também é muito importante: um ambiente conflituoso gerará danos à criança, um ambiente agressivo pode leva-la a reagir com agressividade. Famílias caracterizadas por conflitos, agressões, relacionamentos distantes, insuportáveis, negligentes, geram vulnerabilidade. Os fatores de proteção ao mal comportamento são: relacionamento positivo entre pais e filhos, proximidade familiar, supervisão e disciplina e comunicação de valores. O contexto, práticas e relacionamentos influenciam o desenvolvimento sadio ou disfuncional de crianças e adolescentes. Não existe família sem problemas, mas uma família saudável consegue passar por eles reestruturando-se funcionalmente. 

Curiosidade: Estilos parentais

  • Negligente: pouco ou nenhuma autoridade e pouco envolvimento.
  • Autoritário: regras rígidas, imposições inquestionáveis, sem diálogo.
  • Autoritativo: exige disciplina e monitoramento a partir de "contratos" (acordos mútuos, regras explícitas e combinados). Modelo mais adequado para o desenvolvimento saudável.
O comportamento inadequado dos pais mantem o comportamento dos filhos. Assim, é importante que os pais monitorem o próprio comportamento, estando ai uma grande contribuição dos programas de orientação para pais. 

Dicas:

  • Criança aprende por observação de modelos, faça o que fala, seja um bom exemplo.
  • Evite praticas educativas punitivas, comunique-se com a criança
Palestra com as psicólogas Mariana Verdolim e Priscilla Ohno

E a importância do exemplo dos pais diz respeito também a alimentação. A cada 10 crianças 2 são obesas. Frequentemente os pais criticam a alimentação dos filhos, mas quem compra os doces e refrigerantes? É importante que os pais primeiro parem e pensem como está a própria alimentação. Até os 7 anos é a fase pontual para inserir na criança bons hábitos alimentares. São estes valores a serem incluídos em casa e que podem ser também incentivados na escola, onde a criança passa grande parte do seu dia e encontra também nos professores modelos.

Dicas:
  • Fornecer as comidas organizadas separadamente no prato, para que a criança explore e conheça cada uma.
  • Crianças tendem a rejeitar alimentos não familiares, são necessários 8 a 10 exposições a um novo alimento para que ele seja aceito. 
  • Crianças tendem a não gostar de alimentos que para ingeri-los é feito algum tipo de chantagem, cria relação negativa com o alimento.
  • Crianças gostam de doce porque o adulto inclui esse hábito. Quando, por exemplo, coloca açúcar no leite, após 2-3 meses bebendo isso não aceita outra coisa.
  • Papinha industrializada: é um alimento prático para uma viagem por não precisar ser refrigerado, mas deve ser evitada no dia a dia. Mesmo que a embalagem diga "sem conservantes", alimentos industrializados sempre possuem conservantes, então está-se intoxicando a criança desde cedo. 
  • Alimento oferecido como recompensa será o predileto (exemplo: se comer ganha sobremesa), o interesse de comer outras coisas vai para o gosto que dá a criança mais prazer. Essa pratica deve ser evitada.
  • O gosto por certo sabor em geral vem do paladar desenvolvido na infância. 
  • Formule alimentação atrativa para as crianças.
Palestra com a nutricionista Ana Maria Araujo