quinta-feira, 23 de maio de 2013

Formação em Desenvolvimento Infantil - Turma I - Dia 8


Ontem tivemos mais duas palestras sensacionais com a psicanalista Cassandra França e o psicólogo especialista em psicofármacos Amadeu Roselli Cruz.

Com a professora Cassandra conversamos sobre Sexualidade Infantil. Na infância os pais precisam narcisar o corpo do filho, e nesse momento não há uma separação entre esses corpos. “O Bebê mama de um seio que ele é. A mãe alimenta um bebê que é ela.” É dentro dessa simbiose que inicia a sexualidade infantil. A marca que todos nós vamos trazer desse processo inaugural começa na amamentação, que quer seja ela feita no seio ou na mamadeira, é um momento a dois muito importante que deve ser feito com atenção total a criança, é um momento para tocar a criança, olha-la, falar com ela, e não simplesmente amamentar enquanto vê TV ou faz qualquer outra coisa. Importante acontecimento para o desenvolvimento infantil e que costuma ser difícil para as mães é também o desmame, que irá separar o corpo do bebê do corpo da mãe, mostrando que ambos não são um só. Outra importante fase é quando a criança está deixando as fraldas. O coco e o xixi são a primeira produção da criança, já que o leite não vinha dela, mas do corpo da mãe. E, por ser dela e ter o controle, entra num movimento ambivalente entre querer e não querer dar o que seu corpo produz. Mães muito ansiosas que tratam os filhos com mimos excessivos ou o contrário, crianças que passam pelo excesso de frustrações, podem apresentar dificuldade nessa fase. Já na fase fálica, a criança percebe que não é o centro do mundo, e é importante que receba limites dos pais. Nessa fase também é natural que a criança queira exibir o que tem, se tocar, olhar, explorar, tem curiosidade, faz jogos (exemplo, é comum ouvirmos de uma criança: “mostro minha calcinha e você mostra a sua”). É uma sexualidade onde, entretanto, não existe a genitalização.  
Aquele que não teve um adulto cuidador, alguém que chame com carinho, através do olhar, do toque, terá prejuízos em seu desenvolvimento e em sua vida adulta.

Palestra com Cassandra França

Com o professor Amadeu conversamos sobre Psicofarmacologia Infantil. Para pensarmos em psicofármaco temos que ter um bom conhecimento em desenvolvimento. Por exemplo, é natural que a criança fantasie, tenha um amigo imaginário, isso não seria caso para medicação, embora ocorra. E, para medica-las é preciso ter em mente a diferença entre elas, nem irmãos gêmeos tem o mesmo desenvolvimento. Quem quer trabalhar com a infância tem que ter um bom conhecimento de desenvolvimento infantil. A psicopatologia para o adulto é antiga, já a infantil tem apenas 60 anos. Até os anos 50 a criança era tida como um adulto em miniatura. A dose para elas era sempre duas vezes menor que para o adulto. Esse raciocínio não é válido, há medicamentos em que a dose para criança é até mesmo maior que para o adulto, devido ao funcionamento rápido de seu fígado. É muito comum, e também perigoso, os pais por conta própria alterarem a dosagem da medicação de seus filhos. Mesmo o uso tão comum das medidas em colher, a quantos ml cada colher corresponde? Está-se na verdade dando uma dosagem desconhecida.  Assim, acontecem situações como, por exemplo, a criança está sempre sonolenta e tem baixo rendimento na aula, passando a ser tida como um aluno preguiçoso, quando o problema na verdade é uma superdosagem de anti-alérgico. Ou, ainda, receberá uma dosagem de antibiótico abaixo do necessário e com isso só eliminará as bactérias mais fracas, tendo um aumento das resistentes. A dosagem de medicamentos dados a uma criança é importante e devemos estar atentos a isso, sempre buscando e cumprindo orientações de um bom especialista! Importante pensar também a respeito dos psicofármacos, é que eles alteram o comportamento, alteram as funções superiores (cognição, memória, sexualidade, psicomotricidade, são algumas funções que podem sofrer pelo efeito colateral desses remédios). E, psicofármacos com efeitos terapêuticos sempre tem efeito colateral. Assim, o uso de uma medicação também deve ser considerado e avaliado entre a família e um bom profissional, uma vez que tem efeitos no desenvolvimento da criança.


Palestra com Amadeu Roselli Cruz


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Formação em Desenvolvimento Infantil - Turma I - Dia 7

Bem vindos leitores!

Vieram saber o que aconteceu no ciclo de palestras desta terça? Então aqui vamos nós!!

A coordenadora do Cultivando Pequenos Leitores, Karina Marques, aprofundou para os presentes as 10 dicas que viemos escrevendo brevemente a respeito aqui no blog, dando orientações sobre o desenvolvimento linguístico das crianças de 0 a 6 anos idade por idade. Conversamos ainda sobre as formas de falar com o bebê, como o maternês e a fala direcionada a criança, a importância de contextualizar as palavras que queremos que a criança aprenda e conversar em ambientes tranquilos, e de valorizarmos as tentativas de interação da criança também quando ela não fala, onde se comunica com movimentos corporais e compreende bem mais do que fala.

Você sabia? 

  • Andador não é legal! A criança que cai usando um andador terá o peso do andador sobre ela, muito pior do que se cair tentando andar sozinha. Além disso, o andador é que faz o esforço para criança ficar de pé, não fortalecendo os membros inferiores.
  • Até os 5 anos a criança não distingue realidade e ficção. Para ela, por exemplo, o conto de fadas que ouve é real!
  • Pais devem sustentar todas as regras que impõem, mesmo as pequenas regras, para que a criança não perca a confiança neles.

Palestra com Ângela Pinheiro e Douglas Vilhena
A profa. Dra. Ângela Pinheiro e o psicólogo Douglas Vilhena falaram sobre a Dislexia. "A dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluencia correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária" (International Dyslexia Association - IDA). A dislexia não é fruto de nenhum fator como falta de estímulo, educação de baixa qualidade, déficit sensorial, entre outros, embora tais fatores atuem enquanto complicações para o prognóstico. Tem grande incidencia na mesma família, as pesquisas mostram um alto fator de hereditariedade, sendo de origem unicamente neurológica. Como o cérebro atua na cognição, em disléxicos gera uma fraca consciencia fonológica (graças a consciência fonológica fragmentamos a língua em suas unidades: frase - palavra - sílaba...). Assim, o disléxico tem menos capacidade de segmentar a corrente sonora da fala em sílabas, consoantes e fonemas. Por isso, não consegue fazer a relação grafema-fonema, ou seja, tem dificuldade de associar som com letra. Toda criança com dislexia se for reeducada pode apresentar mecanismos de compensação para sua dificuldade. Identificação e intervenção precoce é determinante para um bom prognóstico, o disléxico reeducado irá desenvolver mecanismos de compensação para sua dificuldade.

Douglas Vilhena e Ângela Pinheiro



Curiosidades!

Tom Cruise
  • Dislexia pode ser do desenvolvimento (criança nasce com ela) ou adquirida (havia habilidade escrita típica mas a partir de injuria no cérebro adquiriu dislexia).
  • A conversão grafema-fonema é testada através da leitura de não palavras. Exemplo: lapeça, bavai, lexto, jepar...
  • O ator Tom Cruise é disléxico. Como ele gasta muito esforço cognitivo lendo, não consegue decorar os textos. Por isso, ele lê uma vez e grava o que leu, depois ouve o texto para conseguir decora-lo. Decora pela via auditiva!


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Formação em Desenvolvimento Infantil - Turma I - Dia 6

Olá queridos leitores! Viemos para mais uma postagem diária sobre o curso promovido pelo projeto Cultivando Pequenos Leitores.

Iniciamos a semana com duas palestras muito interativas!

Primeiro conversamos sobre "Massoterapia: intervenção com bebês e crianças" com a pedagoga e massoterapeuta Daniele Modesto. Ela nos falou sobre a importância da pele para o desenvolvimento infantil, sendo a comunicação tátil essencial para um processo interativo. Nos mostrou técnicas de duas práticas milenares, cuja pratica exige antes de tudo ter-se a intenção verdadeira de comunicar-se com o bebê através de um toque carinhoso e amoroso. As técnicas de massagem apresentadas foram a Shantala da Medicina Indiana e a Tui Na Pediátrico da Medicina Chinesa, para o tratamento de diarreia,  insonia e terror noturno, e resfriado, sendo essas as situações mais comuns na clínica. É importante salientar que o principal objetivo dessas técnicas de massagem, além de promover saúde e bem estar, é aumentar o vínculo dos pais com os bebês. Por isso, cabe ao massoterapeuta ensinar mãe e pai a fazer a massagem na criança, uma vez que o objetivo é a interação pais-bebê, tornando o contato mais rico e produtivo.

Daniele Modesto fala sobre Massoterapia: intervenção com bebês e crianças

A segunda palestra do dia foi dada pelo diretor de teatro Davi Felix com o tema "Arte na criação de crianças". A imaginação faz parte da infância e é importante que seu desenvolvimento seja incentivado. A educação artística é um estimulo a imaginação e capacidade criativa, desde que praticada com amor, ou seja, algo que a criança faz por vontade própria e não para atender desejo e imposição dos pais, e tendo tutores que também ensinem com amor (e não com gritos e xingamentos, que geram medo e aversão na criança, bloqueando-as). Não diga a uma criança que ela é incapaz de realizar algo, tolhendo-a, deixará a criança insegura e amedrontada, e de fato dificultará que ela desenvolva suas habilidades. Davi Felix nos relata que não gosta da palavra dom, acreditando que com afinco e muito trabalho o talento pode ser desenvolvido, afirmando ter passado por isso em sua própria experiência. Por muito tempo acreditou não ter habilidade musical pois um professor disse a ele que ele nunca desenvolveria tal habilidade por não ter ritmo. Ao cair em mãos de um tutor que deixou esse julgamento de lado e incentivou o diretor a praticar, ele conseguiu desenvolver e aprimorar suas habilidades musicais, e hoje pode cantar e tocar bem! Quando a arte é bem trabalhada auxilia no desenvolvimento da criança. "Não há outra maneira de criar um ser humano desde a raiz se não for pela educação, o que inclui diversas formas de educação, inclusive a arte". 

Davi Felix fala sobre Arte na Criação de Crianças

  • Inscrição para 1 dia de curso (realizada no local - sala 2060 (ao lado do SPA), FAFICH/UFMG): R$20,00. O participante receberá certificado relativo as horas e tema do dia assistido. Cronograma do Curso 


Formação em Desenvolvimento Infantil - Turma I - Dia 5


E continuamos no ritmo de excelentes palestras. Na sexta-feira (17/05) tivemos “Gênero e Raça” com Sara Teixeira e também “Comportamento” com Izabela Bandeira.

Sara Teixeira fala sobre Gênero e Raça


A linguagem, construída na cultura, reflete o modo como pensa a sociedade. Transmitimos nossos valores sobre sexo, gênero, classes, entre diversas outras formas de ser e estar no mundo. Essa transmissão não é pensada em todos os minutos. Os responsáveis ensinam as crianças a falar sem muitas vezes perceber que estão ensinando também um modo de interpretar o mundo. A criança começa a perceber que está inserida em categorias: ser menino (a), ser negro (a)... Com o tempo percebem também o significado dessas categorias. Sendo a escola e a família instituições transmissoras de valores, contribuindo para a transmissão e manutenção desses referenciais, é importante uma conscientização  para não transmitirem-se valores preconceituosos. Para quem se interessa em aprofundar no assunto, alguns livros sugeridos pela palestrante foram:

  • A mulher independente – Simone de Beauvoir
  • Homens: sexualidade, direitos e construção da pessoa – Ana Paula Portella e Cols.
  • Superando o racismo na escola – Kabengele Munanga
  • Por uma cultura dos direitos humanos na escola – Keila Deslandes e Érika Lourenço
Para refletir: Vídeo interessante apresentado pela palestrante. Trata-se de pesquisa realizada com crianças negras.

Izabela Bandeira fala sobre Comportamento
Sobre comportamento, é importante ao avaliarmos um comportamento procurar vê-lo em seu contexto, ao invés de simplesmente punir. O mal comportamento e mesmo recusa de ir a escola, a mentira e a pirraça, por exemplo, ao contrário do que diz o senso comum, não existem tais fases no desenvolvimento infantil, são comportamentos produtos de algo que a criança está vivendo, e deve ser investigado. Também, as crianças refletem as influencias que recebem, precisam ser ensinadas da melhor forma. A punição física não é necessária, apenas irá ensina-la que pode resolver as coisas batendo. Deve-se ser cuidadoso ainda com exigências feitas às crianças que são na verdade desejáveis aos adultos, como por exemplo que ela estude excessivamente e se socialize pouco ou obedeça incondicionalmente. Elogio sincero e incentivo, com ênfase no processo e não no resultado (porque as vezes o resultado não condiz com o esforço da criança), por exemplo, valorizar a criança por estar se esforçando e estudando para uma prova, e não pela nota tirada, é reforçador. Izabela Bandeira deu a dica da seguinte leitura:
  • Eduque com carinho: para pais e filhos – Lidia Weber


  • Inscrição para 1 dia de curso (realizada no local): R$20,00. O participante receberá certificado relativo as horas e tema do dia assistido. Cronograma do Curso